Espacios. Vol. 28 (1) 2007. Pg. 4

Maria Ceclia Sobral y Roberto Sbragia 3u6119


3.3. A Pesquisa Clnica no Brasil 6w273f

A pesar de ser desvalorizada pela literatura de istrao de P&D, a pesquisa clnica uma das partes mais crticas para o desenvolvimento de novos produtos farmacuticos. Como mostrado anteriormente, ela a maior parte do caminho considerado crtico pelo FDA e deve ser realizada para que pontos crticos para o lanamento do produto, como eficcia e segurana, possam ser avaliados. Ela tambm tem a funo de promover inovaes incrementais, como uma nova aplicao para um medicamento que j est no mercado.

A pesquisa clnica aquela realizada em seres humanos. As primeiras fases da pesquisa so realizadas em pessoas saudveis para verificar segurana do medicamento. As prximas fases avaliam a segurana, efeitos colaterais, eficcia e interaes medicamentosas em pacientes com enfermidades que, possivelmente, podem ser tratadas com o novo medicamento. Os estudos so realizados em hospitais, principalmente de universidades, onde existe maior competncia tcnica. Os investigadores so mdicos destes institutos que seguem protocolos rgidos planejados pelos laboratrios farmacuticos. Na Novartis, a pesquisa clnica realizada em 42 pases. Em novembro de 2003, a empresa contava com uma carteira de produtos em desenvolvimento constituda de 78 projetos, sendo 63 destes nas fases II, III ou sendo registrados.

As equipes responsveis pela elaborao dos protocolos, planejamento dos projetos e controle das operaes globais esto concentrados na Sua e nos Estados Unidos. Nos outros pases, existem coordenadores regionais e gerentes nacionais que ficam responsveis pelo recrutamento de investigadores, pacientes e pela operacionalizao da pesquisa. A estrutura fortemente comandada pelo laboratrio central, j que a operao padronizada por protocolos a serem seguidos pelos investigadores e garantidos pelos departamentos locais de pesquisa clnica. Isso facilita a reduzir a complexidade de coordenar de vrios pases realizando o mesmo estudo simultaneamente. Assim, a coordenao fica totalmente independente entre os pases e diretamente dependente da coordenao central que gerencia o trabalho.

Apesar de bem estruturada e com o nvel de incerteza mais baixo que a pesquisa bsica, a pesquisa clnica exige da empresa capacidade de gerenciamento de risco. Isto devido ao alto investimento despendido em suas vrias fases. A principio, podemos imaginar que a pesquisa clnica realizada em vrios pases do mundo apenas para reduzir o custo total (Dunning, 1994), ou para utilizar pessoas nos pases em desenvolvimento como “cobaias”, j que no necessitam ser realizados em centros de excelncia biotecnolgica. Segundo a gerente de pesquisa clnica da Novartis no Brasil, a maior parte da pesquisa realizada nos pases desenvolvidos, o que tem causado uma saturao dos centros de pesquisa e dificuldades para encontrar pacientes nestes locais. Na realidade, o maior desafio da pesquisa clnica reduzir o tempo de lanamento de dos produtos.

Com o intuito de acelerar o processo, estes estudos so realizados, tambm, nos pases em desenvolvimento. Alguns pases, como o Brasil, apresentam vantagens significativas para a realizao destes estudos. A disponibilidade de profissionais j preparados para realizao deste tipo de pesquisa, pacientes suficientes, e centos de pesquisa com os equipamentos necessrios, tornam estes pases bastante atrativos. Nascimento (2003) publicou a matria “Pas Vira Referncia em Pesquisa Clnica” onde destaca as condies favorveis do pas para a realizao de pesquisa clnica.

No Brasil, a estrutura tcnico-cientfica est localizada na rea de Medicina, a qual se reporta diretamente presidncia da empresa. Abaixo dela esto as reas de Segurana Farmacolgica e Informaes Mdicas, Pesquisa Clnica, Assuntos Regulatrios, Projetos e, matricialmente, os mdicos ligados s unidades de negcio. Os mdicos representam o apoio tcnico do departamento de medicina as outras reas da empresa. Eles so responsveis por manter a integrao dos aspectos tcnicos e ticos com as aes de marketing. Esta estrutura se alterou ao longo dos anos ando de uma ligao direta com o departamento de Medicina para uma ligao matricial. A ligao direta ou s chefias das unidades de negcio, integrando o e na estrutura de marketing.

A Pesquisa Clnica composta por 16 pessoas, sendo a maioria formada em farmcia ou biologia. Est dividida em duas coordenaes. A primeira responsvel pelas reas de cardiologia e oncologia e a segunda por transplantes e outras especialidades. Matricialmente, o departamento faz parte da organizao internacional de operaes de pesquisa clnica (ICRO) da Novartis. Seu foco primrio atender s necessidades internacionais de P&D, negociando com a coordenao central a alocao de pessoal e os recursos financeiros dos projetos desenvolvidos no Brasil. O departamento tambm responsvel por centralizar o controle da regio “Amazon”, composta pelo Brasil, Colmbia, Equador, Venezuela e pases do Caribe. Apesar de seu foco internacional, o departamento se integra s outras reas para o desenvolvimento de projetos locais. Estes tipos de projetos so realizados tanto nos pases que participam das pesquisas internacionais quanto nos que fazem apenas pesquisas locais. O objetivo das pesquisas locais principalmente o atendimento das necessidades de marketing local, mas em certos pases os esforos tambm so necessrios para atender necessidades regulatrias.

A seguir so analisadas as vantagens e desvantagens deste modelo organizacional e os fatores que levaram a sua utilizao no Brasil. Quanto s vantagens desta estrutura a gerncia de Pesquisa Clnica considera inicialmente que a estrutura matricial multi-pases implantada apresenta mais pontos positivos do que negativos. Como principais pontos fortes apontados, tem-se:

Diferenas de cultura, lngua no foram apontadas como problemas nas relaes matriciais multi-pases. Para minimizar questes como fuso horrio, dependendo da necessidade e urgncia, as reunies podem ser divididas entre manh e tarde para melhor acomodar os participantes Foi mencionado um caso pontual em relao a se trabalhar com profissionais de um pas especfico por conta que a maioria dos pesquisadores no teria domnio da lngua inglesa. Isto, no entanto, tratava-se apenas de preconceito e foi superado pela organizao.

Como um ponto de melhoria a ser trabalhado, foi identificada a necessidade de se aprimorar o plano de integrao de novos funcionrios e/ou profissionais recm-chegados na equipe. Como o plano de integrao existente no nvel internacional ficava aqum do desejado, a gerncia local desenvolveu um plano especfico. Conforme j discutido em itens anteriores, as equipes de Pesquisa clnica tm como objetivo primrio atender a organizao global sempre que possvel, isto , existem principalmente para atender a demanda internacional, uma vez que so financiadas por Basilia. No entanto, a partir da interao com as Unidades de Negcios locais, podem identificar oportunidades de desenvolvimentos locais. Estas situaes so negociadas com Basilia. Se for aprovado, a gerncia de Pesquisa Clnica pode se dedicar a projetos locais. Desta forma, a equipe possui experincias de trabalhar em times internacionais matriciais e, em menor escala, em times funcionais locais. Nos desenvolvimentos locais, a gerncia de Pesquisa Clnica responsvel por todas as atividades do projeto. No existindo competncia interna, possvel a terceirizao de algumas atividades. Exemplos: funes de Logstica e de Estatstica. Apesar destes projetos abrirem a oportunidade de novas responsabilidades e experincias distintas, nem sempre eles so considerados mais atrativos, pois iro atender objetivos comerciais (do mercado local ou regional Amrica Latina). Os projetos internacionais so mais atraentes para as equipes pelo carter mais inovador.

Analisando-se os fatores condicionantes da internacionalizao das atividades de P&D da Novartis referentes a pesquisa clnica, da matriz para o Brasil, pode-se enumerar alguns:

Fatores de atratividade do mercado:

Fatores estratgicos:

Fatores tecnolgicos:

Outros fatores condicionantes:

Foras centrpetas internacionalizao

Em relao s foras centrpetas (Chiesa, 1996) pode-se salientar:

Foras centrfugas internacionalizao

Em relao s foras centrfugas internacionalizao (Chiesa), pode-se ressaltar no caso da Novartis:

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