Espacios. Vol. 35 (N 6) Ao 2014. Pg. 21 6z3b6c |
Inovao nos laticnios de pequeno e mdio porte na regio dos Campos Gerais - Paran 1h6x6uDairyInnovationinsmall and mediumsize companies inthe Campos Gerais region-Paran 2r5h2jAlcione Lino de ARAJO (1), Francielli Casanova MONTEIRO (2), Maria Helene Giovanetti CANTERI (3), Juliana Vitria Messias BITTENCOURT (4) e Antonio Carlos de FRANCISCO (5). Recibido: 15/04/14 • Aprobado: 12/05/14 |
Contenido j3z35 |
RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. Introduo 4s5j3gA cadeia produtiva do leite paranaense vem ganhando maior representatividade no contexto nacional e se adensando nos ltimos anos tanto na produo leiteira quanto na produo industrial. A produo leiteira do Paran apresentou, entre os anos de 1997 e 2006, um crescimento de 71%, consolidando-se, em 2007, como a segunda mais importante do Brasil, com 2,5 bilhes de litros de leite/ano e um total de cerca de 99.600 produtores voltados para o mercado (IPARDES, 2009). Constata-se que parcela significativa dos produtores que adotam maiores nveis de tecnologia encontra-se na regio Centro-Oriental. Nessa regio, os progressos genticos do rebanho e os ndices de produtividade esto muito acima das mdias nacionais, podendo ser comparveis aos obtidos nos pases onde a atividade leiteira mais desenvolvida, como o Canad, por exemplo (DELGADO e CRUZ, 2009). Em linhas gerais, ainda persistem dificuldades a serem enfrentadas no processo de desenvolvimento da atividade de produo leiteira no Estado. No entanto, vale enfatizar que o Paran alcanou, na ltima dcada, uma extraordinria expanso da produo e da produtividade que superam as mdias nacionais. Alm disso, ocorreram tambm expressivos avanos na gentica do rebanho e nas prticas de manejo da atividade, que no se concentram apenas na bacia mais desenvolvida do Estado, embora que no Paran existem trs bacias que se destacam na produo de leite: Centro-Oriental, Oeste e Sudoeste, concentrando 48,5% dos produtores de leite do Estado e 53% da produo estadual de leite, mas que tambm se espraiam para outras bacias leiteiras paranaenses (IPARDES, 2009). Inovaes so a gerao e implementao de ideias e o processo de gerenci-las essencial para o seu sucesso. No se pode desvincular outro ponto essencial para a Gesto da Inovao Tecnolgica que a Gesto do Conhecimento, destacada por Reis (2004) como recurso chave e fonte de vantagem competitiva entre concorrentes quando aliada ao processo de inovao tecnolgica. Para Carvalho, Reis, Cavalcante (2011) a inovao ganha importncia em razo de sua estreita relao com a competitividade. Normalmente, quanto mais inovadora uma empresa, maior ser sua competitividade e melhor sua posio no mercado que atua. Essa alta capacidade para inovar transforma ideias em produtos, servios e processos inovadores de forma rpida e eficiente. Como consequncia, a inovao permite empresa lucrar mais. A necessidade de ofertar melhores produtos e servios torna o ambiente competitivo repleto de mudanas, e a nica alternativa inovar para no sair do mercado. No entanto, no basta inovar uma vez. Para as organizaes terem longevidade e lanarem novos produtos e servios de maneira sistemtica e contnua, precisam gerenciar bem a inovao. A indstria de laticnios do Paran, assim como a brasileira, ou nos ltimos anos por inmeras transformaes, resultado de um processo mais geral de abertura do mercado nacional, de alterao no padro de consumo da populao, da constituio de grandes firmas industriais, entre outras. Alm disso, no final dos anos de 1990, na cadeia de lcteos nacional ocorreram modificaes internas relativas ao crescimento da produo e da produtividade do rebanho leiteiro, granelizao e concentrao da captao do leite, inovaes incrementais no processo produtivo, concentrao do mercado de distribuio e aumento da desnacionalizao do setor (IPARDES, 2009). O objetivo deste trabalho avaliar a inovao no setor de laticnio de pequeno e mdio porte na regio dos Campos Gerais – PR. 2. Material e Mtodos 481j25A presente pesquisa classificada do ponto de vista de sua natureza como aplicada, com o objetivo de gerar conhecimentos para aplicao prtica e dirigida soluo de problemas especficos. Pode ser tambm caracterizada como quantitativa e qualitativa, visto que traduz em nmeros as opinies e informaes para sua classificao e anlise, mas, tambm porque os dados obtidos foram analisados indutivamente (SILVA e MENEZES, 2005). No que diz respeito aos objetivos, pode ser classificada como explicativa. Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Quanto aos procedimentos tcnicos, trata-se de uma pesquisa experimental, pois foi determinado um objeto de estudo e as variveis capazes de influencia-lo foram selecionadas, bem como as formas de controle e de observao dos efeitos que a varivel produz no objeto foram definidas (GIL, 2002). O mtodo cientfico utilizado foi o indutivo, pois parte de dados particulares para obteno de uma verdade geral no contida nas partes examinadas (MARCONI e LAKATOS, 2001). A pesquisa foi composta pelos laticnios de pequeno e mdio porte j definidos como sendo da ltima era da qualidade, ou seja, com prticas inovadoras, conforme pesquisa em andamento (Alvarenga, 2013, in press). Dentre os oito laticnios inicialmente selecionados para realizar a coleta de dados, apenas seis participaram efetivamente da pesquisa, pois dois laticnios no momento encontram-se desativados, conforme informao da SEAB (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) no Ncleo Regional de Ponta Grossa, a Jurisdio compreende as seguintes cidades: Castro, Pira do Sul, Arapoti, Jaguariava, Sengs, Ortigueira, Palmeira, Porto Amazonas, So Joo do Triunfo, Carambe, Ipiranga, Iva, Ponta Grossa, Imba, Reserva, Telmaco Borba, Tibagi e Ventania. (http://www.agricultura.pr.gov.br/). Para esse trabalho, foram abordados tpicos referentes inovao, sendo a coleta de dados realizada por meio de um questionrio com perguntas abertas e fechadas, num total de quatro blocos com cerca de cinco questes cada [6]. O mesmo foi respondido(escrito) por gerentes de produo e/ou proprietrios. A pesquisa foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2013. O nome dos Laticnios onde foi realizada a entrevista foi codificado para preservar o sigilo dos dados. 3. Resultados e Discusso 3u6y3kNesta seo, discutem-se aspectos quanto a verificao da gesto da inovao nos laticnios. A pergunta que d incio a esse bloco : Para voc o que inovao? As respostas para essa pergunta foram surpreendentes para os pesquisadores, visto que segundo transcrio abaixo, os respondentes compreendem o que a inovao, mas no souberam expressar corretamente o conceito.
Quanto auto-percepo da empresa sobre ser inovadora, todos os respondentes da pesquisa foram unnimes, ou seja, 100% considera sua empresa inovadora, pois acreditam que so inovadores devido a sua constante busca de aprimoramento nos produtos, embora no souberam descrever o que seria a inovao. Tigre (2006) apresenta que um novo mtodo, ou uma melhoria do mtodo na etapa de manuseio e entrega de produto, so consideradas inovaes em processos Para saber se a empresa faz pesquisa sobre o desejo do consumidor, observa-se que 50% dos laticnios realizam-na da seguinte maneira: telefone e questionrio; degustao nos pontos de vendas e nas feiras de queijo no estado Paran. Ressalta-se que metade dos laticnios pesquisados no realiza pesquisa alguma. Quanto ao laticnio realizar algum tipo de pesquisa junto aos seus clientes sobre a qualidade dos seus produtos observa-se que, dentre os laticnios entrevistados, aproximadamente 67% apontam que SIM (realizam algum tipo de pesquisa) como: Pesquisa informal, telefone, e-mail, pergunta sobre a qualidade do queijo aos distribuidores; propaganda boca a boca, nas churrascarias; por meio do SAC (Servio de Atendimento ao Cliente) e site. J, 33% NO realizam nenhum tipo de pesquisa com essa finalidade. 3.1 PRODUTOS - QUANTO A NOVOS PRODUTOS A pesquisa procurou investigar nos laticinios quantos novos produtos foram lanados nos ltimos quatro anos e quais as caractersticas desses novos produtos. Os resultados indicam que:
A pesquisa tem procurado identificar se o laticnio possui um departamento de projetos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Apenas um laticnio, representando 17%, respondeu que SIM, ou seja, possui um departamento de projetos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos que se encontra a cargo do Mdico Veterinrio; e 83% responderam que NO possuem um departamento de projetos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Sabe-se que cada produto apresenta um ciclo de vida. Diante disso, a pesquisa procurou identificar se os responsveis pela produo j ouviram falar sobre ciclo de vida de produtos. Dos entrevistados aproximadamente 67% j ouviu falar, abordando que pode ser: o ciclo comercial e o de prateleiras (validade); no mximo 01 ano de vida; quando aparece um novo produto no mercado e os consumidores substituem-no por outros produtos ou concorrentes; tempo de validade do queijo. E 33% responderam que NO sabem o que significa ciclo de vida do produto. Quanto a ser ofertado algum prmio para quem d ideia de um novo produto, 83% dos laticnios NO oferecem nenhum benefcio; apenas 17% disse que SIM, que oferta uma bonificao em dinheiro. Dentre os laticnios entrevistados, 83% apontaram que realizam algum tipo de estudo em laboratrio quando esto testando novos produtos, sendo indicados pelo entrevistado: prospeco; UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) no laboratrio de alimentos; no laboratrio da Associao Brasileira de Criadores de Bovinos da Raa Holandesa (ABCBRH) em Curitiba para anlise do leite; no prprio laboratrio da empresa e no LABROFOOT na cidade de Curitiba - PR. Verificou-se que no foi informada a etapa do processo na qual feita a anlise. Porm, comparando com a pergunta O laticnio possui um departamento de projetos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos? Observou-se que nessa resposta os dados de foram inversos, ou seja, 83% NO dispem de um departamento de projetos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Assim, analisa-se que ao ser desenvolvido qualquer produto na empresa h um processo de teste ou ensaio de experimentao, mesmo que no seja na empresa. 3.2 PROCESSOS – QUANTO AOS NOVOS MTODOS No decorrer da pesquisa questiona-se quanto s mudanas no processo de produo de derivados lteos nos ltimos quatro anos. Nesse sentido, 83% responderam que foram implantadas como: evoluo no maquinrio, adaptao do tempo de descanso (processo de maturao do queijo) ou tcnica de fermentao em funo da criao de novos produtos; ingredientes importados; no processo de "extandalizao" (palavra expressa pelo respondente) das atividades, entendido pelos pesquisadores como expanso dos pontos de venda. Quanto ao local no qual a empresa busca novos conhecimentos sobre a produo de laticnios, as respostas foram variadas, como: Congressos, Simpsios e Feiras de Leite; troca de informao com outros laticnios e troca de experincias na fabricao de queijos; na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e Instituto de Laticnios Cndido Tostes em Minas Gerais, contatos com colegas de outros laticnios, fornecedores, revistas especializadas em leite; EMATER (Instituo Paranaense de Assistncia Tcnica e Extenso Rural) e SENAR (Servio Nacional de Aprendizagem Rural). Observa-se que, nesse aspecto, todos os laticnios entrevistados mostraram preocupao quanto a buscar novos conhecimentos, seja no mbito tcnico ou no sentido apenas na troca de informao. Quanto a alguma espcie de desenvolvimento ou adaptao de processo na prpria empresa, todos responderam que durante toda a existncia do laticnio houve algum desenvolvimento ou adaptao no processo produtivo da empresa, como: aquisio ou modernizao de novas mquinas no processo ou na embalagem; construo de um novo ambiente de acordo com as normas da inspeo e vigilncia sanitria; mudanas nas tcnicas de fermentao para o queijo mussarela e estudos para melhoria permanente em todo o processo produtivo. Quanto s reas da empresa envolvidas no processo de aprimoramento da produo de laticnios, foram recebidas diferentes informaes como: diretoria e produo; no processo de fabricao e inspeo sanitria, com contratao de veterinrios; toda a empresa, no treinamento recente com a aquisio de uma nova mquina; na rea de qualidade; na rea industrial, comercial e de marketing e em toda a rea de produo. 3.3 POSIO – QUANTOS A NOVOS MERCADOS Quanto empresa buscar novos segmentos de mercado para atuar, metade das empresas responderam que sim. Para a empresa atuar em novos segmentos, a pesquisa tambm procurou saber quais os principais canais de distribuio. Foram informadas as seguintes respostas: mercado e padarias; nas cidades de Londrina, Curitiba e Ponta Grossa no Paran; atuao do produto na gndola do supermercado (nessa resposta acredita-se que o respondente no entendeu); nas churrascarias; no food service, pequeno comrcio, supermercados de mdio porte; e um supermercado de grande porte. Quanto s oportunidades nos mercados, foi mencionado pelas empresas: feeling; nas vendas; na busca de oportunidades para crescer; na procura por novos nichos para necessidades especficas de sade e de prazer; de acordo com o volume de vendas em pontos especficos ("coloca no mercado porque vende") e adquirindo o SISBI - Sistema Brasileiro de Inspeo de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA). O SISBI faz parte do Sistema Unificado de Ateno a Sanidade Agropecuria (SUASA), que padroniza e harmoniza os procedimentos de inspeo de produtos de origem animal para garantir a inocuidade e segurana alimentar. Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podem solicitar a equivalncia dos seus Servios de Inspeo com o Servio Coordenador do SISBI. Para obt-la, necessrio comprovar que o laticnio tm condies de avaliar a qualidade e a inocuidade dos produtos de origem animal com a mesma eficincia do Ministrio da Agricultura. Os requisitos e demais procedimentos necessrios para a adeso ao SISBI-POA j foram definidos pelo Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Animal (DIPOA) do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA). Tambm foram institudos gestores estaduais como tcnicos de referncia junto s Superintendncias Federais de Agricultura (SFA), responsveis pela divulgao e orientao aos servios de inspeo interessados na adeso ao sistema (MAPA, 2013). A estratgia mercadolgica utilizada pelas empresas pesquisadas foi descrita como: P (Planejamento e Controle da Produo) a longo prazo; em rdio municipal, divulgao por meio de patrocnio, distribuio de brindes; propaganda "boca a boca" e na nica loja de venda que um dos laticnio possui; copiar algumas tendncias internacionais e adaptar no Brasil; supervisionar a rea de venda. Uma das empresas indicou que no h estratgia de marketing em seus produtos. Quanto s formas da empresa divulgar os seus produtos no mercado, observa-se que algumas utilizam meios bem simples, enquanto outra utiliza recursos mais sofisticados, como:divulga os produtos localmente; amostras por pea deixadas no ponto de venda; degustao em gndolas dos supermercados; propaganda "boca a boca"; plotagem em caminhes de distribuio; manuteno de um site ativo e nas feiras de queijo. 3.4 PARADIGMA – QUANTOS NOVOS MERCADOS Quanto parceria com fornecedores, metade dos laticnios informou que no faz. As empresas tm como parceiros: fornecimento de rao, assistncia tcnica; emprstimo de dinheiro; anlise do leite; assistncia veterinria; nutrio e manejo. Quando se indagou a falta de parceria,a informao foi de que nunca tiveram essa preocupao, pois acreditam que a compra do leite j uma espcie de parceria. A cooperao/parceria com os clientes tambm seguiu a mesma tendncia da questo anterior (50% de respostas positivas), com as seguintes atuaes: aes de venda; emprstimo de dinheiro; degustaes; participao com matria prima em novos produtos. Metade dos laticnios informou que nunca interagem com os seus clientes diretamente, utilizando-se de intermedirios para o processo de venda. Quanto a alguma espcie de cooperao com os fornecedores de tecnologia, 83% dos laticnios afirmam que possui essa relao, sendo: desenvolvimento de produto; laboratrio da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), treinamento com maquinrio e de processo na fabricao de queijo; fornecedores de coalho; embalagens. Apenas um laticnio respondeu que NO adota nenhuma relao de cooperao com fornecedores de tecnologia. Quanto a parcerias com Universidades e Institutos de Pesquisa, metade dos laticnios desenvolve essa espcie de relacionamento, enfatizando ser muito importante para o laticnio, com: UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e Associao Brasileira de Criadores de Bovinos da Raa Holandesa (ABCBRH) em Curitiba; UFPR (Universidade Federal do Paran); PUR (Pontifca Universidade Catlica do Paran) na produo de leite. A falta de parceria est associada auto-imagem do laticnio, considerado ainda muito pequeno para manter essa espcie de vnculo. 3.5 FECHAMENTO - LEVANDO EM CONTA A DISCUSSO ANTERIOR Com relao a existncia de um ambiente propcio para inovao no laticnio, 87% responderam que sim. As principais dificuldades dos laticnios de pequeno e mdio porte na regio dos Campos Gerais para a inovao levantadas esto descritas a seguir. Foi citada a burocracia nos registros e documentao – com respeito inspeo da vigilncia sanitria que ao lanar um novo produto (considerado inovao pelos laticnios), ter que apresentar ao rgo competente o projeto fabril, o leiout de fbrica e mquinas, o nmero de funcionrios, o que muitas vezes inviabiliza a inovao. Outros pontos so a falta de orientao (extenso rural, com interao com especialistas ou facilitadores que orientem melhor); o custo de mquinas ou aquisio de implementos; dificuldade no intercmbio de informaes entre os laticnios. Quanto extenso rural, o respondente fez praticamente um desabafo, reclamando muito sobre esse aspecto de assistncia, da falta de orientao, da escassez de cursos, palestras na rea econmica/financeira ou tambm de laticnios. Nessa questo, pode-se perceber o sentimento de menosvalia por partes dos proprietrios e gerentes quanto as suas dificuldades frente a inovao. Porm, a teoria informa que, especificamente com relao inovao em produto, sua importncia contrastada pelos baixos nveis de P&D (DEALGADO e CRUZ, 2009). No setor de laticnios, um dos grandes motivadores da implementao de inovaes a busca das empresas por maior qualidade e durabilidade de seus produtos devido ao fato de o leite ser uma matria prima bastante perecvel. Nesse sentido, Rastoin (2004) destaca que, ao lado das inovaes em produtos e processos, deve-se mencionar a inovao perifrica, uma modificao marginal de gosto e de aspecto do produto, apresentao (embalagem) e imagem do produto (marketing). No entanto, o principal motor da inovao nesse setor ser, num futuro prximo, a rea de desenvolvimento de produtos funcionais, com o argumento da sade, de acordo com tendncia geral das respostas. Uma sentena de definio de um produto funcional, segundo a portaria n 398 da Secretaria de Vigilncia Sanitria do Ministrio da Sade brasileiro de 1999, a definio para alimento funcional : "todo aquele alimento ou ingrediente que, alm das funes nutricionais bsicas, quando consumido na dieta usual, produz efeitos metablicos e/ou fisiolgicos benficos sade, devendo ser seguro para o consumo, sem superviso mdica" (PIMENTEL, FRANCKI, GOLLCKE, 2005). Esta se reflete no aumento da quantidade de pesquisas dos ingredientes do leite com aspectos funcionais, conforme Delgado e Cruz(2009). Alguns dos ingredientes contidos no leite tm importantes benefcios nutricionais e para a sade. Da mesma maneira, Fontanini (2005) afirma que uma inovao pode ser um novo produto ou servio, uma nova tecnologia de processo de produo, um novo sistema istrativo ou uma nova estrutura organizacional, ou ainda um novo plano ou programa. Delgado e Cruz (2009) destacam que a inovao nas organizaes influenciada no s pelo tamanho e pelo negcio central da organizao, mas tambm pelo paradigma tecnolgico dominante. Silva, Kovaleski, Gaia (2011) apresentam que as inovaesso tratadas como forma de obteno de lucros extras pelas empresas, por meio de vantagens competitivas decorrentes da produo de novos produtos ou processos que agregam valor para o cliente. O enfoque econmico seria, portanto, o centro das atividades. No entanto, segundo os autores, uma maior compreenso do papel da inovao com relao organizao produtiva e aos efeitos sobre a sociedade e o meio ambiente tem conduzido a questionamentos sobre o padro de operaes das organizaes empresariais e as consequncias destas operaes. Os mesmos autores afirmam que no lugar de se ater apenas ao atendimento das demandas do mercado, a gerao de inovaes voltadas para a sustentabilidade considera os valores e necessidades da sociedade, visando seu bem-estar tanto financeiro como de qualidade de vida. Ulusou (2003) tambm acredita que as inovaes, para que estejam alinhadas com o desenvolvimento sustentvel, devem incorporar as restries trazidas pelas presses sociais e ambientais, assim como considerar as geraes futuras. Dessa forma, essas inovaes so mais complexas (porque devem atender a um nmero maior de stakeholders) e mais ambguas (pois as partes envolvidas podem ter demandas contraditrias). As inovaes incrementais ocorrem quase que continuamente nas indstrias ou servios, dependendo da combinao de presses de demanda, fatores scio-culturais, oportunidades e trajetrias tecnolgicas e nem sempre so resultado de pesquisa deliberada, mas resultado de melhorias sugeridas por seus usurios. Em contrapartida, as inovaes radicais so eventos descontnuos, em grande parte resultantes de pesquisa deliberada por empresas, universidades ou por instituies pblicas (DELGADO E CRUZ, 2009). Dahlin e Behrens (2005) sugerem que a inovao radical deve cumprir trs requisitos: a) novidade; b) singularidade; e c) impacto em tecnologias futuras. , normalmente, com as inovaes radicais que ocorre a evoluo tecnolgica e o desenvolvimento econmico, social e cultural da sociedade (M. OSLO, OCDE, 2004 apud SCHUMPETER, 1934; FREEMAN e PEREZ, 1988). Nesse sentido, enfatiza-se a importncia da parceria entre os laticnios e o setor acadmico, visto que parte das ideias inovadoras so geradas a partir de levantamento de dados, resultados e descobertas de pesquisas puras ou aplicadas, no necessariamente direcionadas ao setor. Para os atores responsveis pela inovao, no geral, elas significam alcance de mercados potenciais, novos mercados, novos investimentos associados e novas possibilidades de inovao. Partindo da contribuio de Ulusou (2003) prope o Hipercubo da Inovao, que identifica como as inovaes podem gerar diferentes impactos ao longo da cadeia de valor, afetando de forma diferenciada os diversos stakeholders. Dessa forma, uma mesma inovao pode ser radical para indstria e apenas incremental para a distribuio, ou vice-versa. Sendo assim, pode-se definir inovao como adoo de equipamentos, sistemas, polticas, programas, processos, produtos ou servios, desenvolvidos interna ou externamente, novos para a organizao que a adota (no necessariamente em relao ao setor de referncia). 4. Concluses 2u1b2oA literatura especializada refora que a indstria de laticnios brasileira tem se modernizado e acompanhado as tendncias mundiais para o setor. E, com o advento da concentrao industrial observada nos ltimos anos, os laticnios esto sendo forados a buscar um maior nvel de automatizao e inovao. Ressalta-se, ainda, que nos casos em que houve inovao de produto, essa resultou de tentativas de mudana via alterao nos sabores, por exemplo, sem necessariamente representar uma mudana ou incorporao de nova tecnologia ou de uma pesquisa especfica para tal. Adicionalmente, observou-se que a principal fonte de informao para o lanamento de novos produtos na indstria lctea na regio dos Campos Gerais so os fornecedores de mquinas e equipamentos e os de insumos. Essa mesma tendncia est explicitada na literatura e ilustrada nos depoimentos dos entrevistados, garantindo poder de monoplio a esse elo da cadeia de lcteos, visto que o laticnio permanece relativamente dependente desses fornecedores, no caso da necessidade de uma manuteno, de reposio de peas ou aquisio de novo lote de produtos. A indstria paranaense processa uma grande quantidade de queijo, para o qual destina mais de 50% do volume processado de leite. De modo geral, constatou-se, tambm, que dentre as indstrias de laticnios da litma era da qualidade, especificamente nos Campos Gerais no Paran, possui empresas produtoras de queijo, que constam da pauta de produtos de mais de 67% das unidades pesquisadas. Do ponto de vista da diversificao produtiva, 33% dos laticnios pesquisados produzem apenas um nico produto (leite pausterizado e doce de leite). Em todas as indstrias quem dita regras do que deve ser inovado sempre o mercado. Se a indstria possui baixo ndice de produtos lanados porque o mercado em que atua no exigiu muito. Somente agora tem-se buscado inovar em tecnologias mais modernas para melhorar a qualidade e a produtividade, pois todo o mercado est se modernizando. Com isso observa-se que a inovao nos laticnios do Estado do Paran, especificamente nos Campos Gerais, est presente, com tendncia crescente de acordo com a exigncia do mercado consumidor e maior o informao por parte dos produtores. 5. Agradecimento 43353vA Fundao Araucria pela concesso da bolsa de estudos. 6. Referncias 5o1x31ALVARENGA, Tiago Henrique de Paula (2013). Cenrio da gesto da qualidade nos laticnios de pequeno porte na regio dos campos gerais – PR. Defesa de Qualificao (Mestrado em Engenharia de Produo) - Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Universidade Tecnolgica Federal. ANDREATTA, Evelise, FERNANDES, Andrezza Maria, SANTOS, Marcos Veiga dos, MUSSARELLI, Camila, MARQUES, Marina Clia, GIGANTE, Mirna Lcia e OLIVEIRA, Carlos Augusto Fernandes de (2011). Quality of minas frescal cheese prepared from milk with different somatic cell counts. Pesq. agropec. bras., Braslia, v.44, n.3, p.320-326, mar. 2009. CARVALHO, Hlio Gomes de, REIS, Dlcio Roberto dos, CAVALCANTE, Mrica Beatriz (2011). Gesto da inovao. Curitiba: Aymar. CUNHA, N. C. V. (2005). As prticas gerenciais e suas contribuies para a capacidade de inovao em empresas inovadoras. 165f. Tese (Doutorado em istrao). 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