Espacios. Espacios. Vol. 30 (1) 2009. Pg. 2

Comunidades Virtuais como Ambiente Potencializador de Estratgias Mercadolgicas: Locus de Informaes e Troca de Experincias Vivenciadas 4g2k1m

Virtual Communities as Environment Builders for Marketing Strategies: Locus for Information and Exchange of Real Experiences 4h1c5w

Comunidades virtuales como ambiente propiciador de estrategias metodolgicas: Locus para la informacin e intercambio de experiencias reales 5k5a5m

Nelsio Rodrigues de Abreu*, Renata Francisco Baldanza**, Luiz Henrique de Barros Vilas Boas*** y Ricardo de Souza Sette****

Recibido: 09-07-08 - Aprobado: 10-07-08


Contenido j3z35


RESUMO:
Esta pesquisa objetivou investigar a potencialidade da utilizao de comunidades virtuais como fonte de informaes para estratgias mercadolgicas no setor de turismo. Utilizou-se uma pesquisa qualitativa – com grupos focais on-line. Os resultados demonstraram que as pessoas trocam experincias vivenciadas, e esta colaborao espontnea, que surtem efeitos positivos no que tange aquisio de produtos e servios tursticos. Salientando que as informaes so readas sem o objetivo de transacionar bens ou servios, mas apenas como uma contribuio voluntria entre os inter-agentes das comunidades virtuais.
Palavras-chave: Comunidades virtuais, marketing, internet, turismo.

ABSTRACT:
This research aimed at investigating the potentiality of the utilization of virtual communities as a source of information for mercadological strategies in the tourism sector. Qualitative research – with on-line focus groups, was utilized. The results showed that people exchange real experiences and that this is spontaneous collaboration, which have creates positive effects, with regard to the acquisition of tourist products and services. Even though the information is ed on without the objective of negotiating goods or services, but only as a voluntary contribution between inter-agents in virtual communities.
Key-words: Virtual communities, marketing, internet, tourism.

RESUMEN:
Esta investigacin tuvo como objetivo investigar la utilizacin de comunidades virtuales como fuente de informacin para estrategias metodolgicas en el sector turismo. Se utiliz una investigacin cualitativa con grupos focales en lnea. Los resultados demostraron que las personas intercambian experiencias vividas, siendo sta una colaboracin espontnea, que surten efectos positivos en lo que atae a adquisicin de productos y servicios tursticos. Aunque la informacin se intercambia sin objetivos de transar bienes o servicios, se hace como una contribucin entre los agentes de estas comunidades virtuales.
Palabras clave: Comunidades virtuales, mercadeo, internet, turismo.

1 INTRODUO 1t6w6a

As tecnologias modificam algumas dimenses da inter-relao do indivduo com o mundo, da percepo da realidade, da interao com o tempo e o espao. Cada inovao tecnolgica bem sucedida modifica os padres de lidar com a realidade anterior, muda o patamar de exigncias do uso. O desenvolvimento dos meios de comunicao cria novas formas de ao e de interao e novos tipos de relacionamentos sociais. E assim, com o desenvolvimento dos meios de comunicao, a interao se dissocia do ambiente fsico, de tal maneira que os indivduos podem interagir uns com outros ainda que no partilhem do mesmo ambiente espao-temporal (Thompson, 2002).

Diante disso, o indivduo sai procura de pessoas com as quais possa compartilhar interesses em comum, ao que se repete, uma vez que da natureza humana relacionar-se socialmente. Neste cenrio, as comunidades virtuais destacam-se como agrupamentos humanos constitudos no ambiente virtual ou ciberespao - como alguns preferem denominar. Assim, a comunidade virtual (CV), pode ser entendida como um conjunto de pessoas disponveis para interesses comuns, que no necessariamente esto presentes, mas podem estar em diferentes posies geogrficas.

Com o uso das novas tecnologias de informao e comunicao, destacando-se a internet, o marketing est evoluindo no sentido de abrangncia e de possibilidade de interao entre empresa e consumidores, utilizando-se de comunidades virtuais. Neste sentido, a teoria de marketing a da comunicao de massa para um enfoque de relacionamento, interatividade e troca de experincias vivenciadas.

Diante do exposto, objetivou-se investigar a potencialidade do uso de comunidades virtuais como fonte para estratgias mercadolgicas no setor de turismo, identificando o perfil dos membros de comunidades virtuais relacionadas com turismo, observando como ocorrem as trocas de informaes entre os membros de comunidades virtuais e verificando o impacto que as informaes obtidas de forma interativa nas comunidades virtuais podem influenciar nas decises de consumo de produtos tursticos.

Assim, o estudo pertinente, pois relacionar-se o uso da internet e o setor turstico, uma vez que ambos esto em crescimento, e tambm que, a internet e o turismo so reas que normalmente proporcionam prazer s pessoas, esta interatividade pode tornar-se fundamental. Por meio de sistemas de informaes interativos, estruturados em torno do lazer, pode-se levar as empresas de turismo a uma maior interatividade com seus clientes. Destarte, a troca de informaes e experincias vivenciadas uma forma de interatividade cliente/empresa e cliente/cliente, utilizando-se de comunidades virtuais.

2 FUNDAMENTAO TERICA 702962

2.1 Da comunidade de base territorial para a comunidade de grupos sociais por escolha 49m5c

Para a maioria dos seres humanos, atravs da histria, a filiao a uma comunidade no o resultado de uma escolha deliberada, mas uma questo de histria e tradio. A maioria das comunidades, atravs dos tempos, pode ser descrita, conforme Goldsmith (1998, p. 114) como ‘comunidades compulsrias’. A comunidade podia rejeitar um membro muito mais facilmente que ele podia rejeitar a comunidade.

Martin Buber, em seu livro ‘Sobre comunidades’, apresenta a principal diferena e a dificuldade de se conceituar comunidade e sociedade. Buber (1987, p. 16), utilizando-se do debate de Ferdinand Tnnies, observou que “a principal diferena entre os tipos, intitulados por ele, respectivamente, gemeinschaft (comunidade) e gesellschaft (sociedade ou associao), repousa na existncia de dois tipos de ‘vontades’, qualitativamente diferenciados e opostos”.

Assim, a mudana social, de acordo com Tnnies, seria fruto de dois princpios aparentemente conflitantes: “o aristotlico de que o homem um ser social e o hobbesiano, no qual o homem de natureza anti-social”. Estes dois princpios constituiriam a natureza contraditria do homem (Cahnman, 1995, p. 91). O ser humano, portanto, “aspiraria unio e, ao mesmo tempo, seria contra ela, oscilaria entre a conexo e a separao, o coletivo e o individual” (Tt, 1995, p. 50). Buber (2001) no v o homem enquanto indivduo, mas como relao entre o ‘eu’ e ‘tu’. Assim, a idia de comunidade moderna comeou a se distinguir de seu prottipo antigo, apoiando-se em diferentes princpios de coeso entre os seus elementos constituintes, em contraste entre parentesco e territrio, sentimentos e interesses etc. A humanidade, observa Buber (1987, p. 39), “que teve sua origem em uma comunidade primitiva obscura e sem beleza e ou pela crescente escravido da ‘sociedade’, chegar a uma nova comunidade que, diferentemente da primeira, no ter mais como base laos de sangue, mas laos de escolha”.

Destarte, a possibilidade de o indivduo interagir com a informao, encurtando as distncias geogrficas a ponto de torn-las insignificantes, estaria nos levando a um novo e abrangente processo, como intitula Lvy (1996), de ‘desterritorializao’. Assim, com as novas tecnologias, as novas formas organizacionais e o surgimento da comunicao de forma global exercero um profundo efeito no senso de comunidade nos prximos anos (Rovai, Wighting, 2005; Kucuk, Krishnamurrthy, 2007). Desse modo, tambm a comunicao mediada por computador (CMC) est influenciando a vida das pessoas e a noo de comunidade. Por isso, muitos autores, como Goldsmith (1998), Rheingold (1998), Castells (1999), Ridings et al. (2002), Moor e Weigand (2007), optaram por definir as novas comunidades, por ‘comunidades virtuais’.

Rheingold (1996, p. 18) define comunidade virtual “como um agregado social que surge na Internet, quando um conjunto de pessoas leva adiante discusses pblicas longas o suficiente, e com suficiente emoo, para estabelecerem redes de relacionamentos no ciberespao”. Para Castells (1999, p. 385), a comunidade virtual uma “rede eletrnica de comunicao interativa e organizada em torno de um interesse ou finalidade compartilhada, embora algumas vezes a prpria comunicao se transforme no objetivo”. A comunidade pressupe relaes entre os seus membros - a interatividade, que no uma caracterstica do meio, mas a extenso em que as mensagens, em uma seqncia, relacionam-se umas com as outras, especialmente na extenso em que mensagens posteriores tm relao com as anteriores. A idia relaciona a interatividade com as trocas comunicativas. A construo da interao classificada pelo modo atravs do qual se utiliza o meio (Recuero, 2001).

O pertencimento um outro elemento da comunidade virtual. Ele explicado por Palacios (2003) como um sentido de ligao. Este sentimento para com a comunidade pode ser encontrado nas noes de gemeinschaft de Tnnies ou mesmo na comunidade emocional de Weber (1987). A comunidade constituda tambm sobre sentimento e este sentimento visto como condio necessria para a existncia de comunidade no ciberespao. Contudo, o que interessa, lembra Recuero (2001), no somente analisar como se formam esses laos on-line, mas tambm em que medidas afetam a vida off-line das pessoas.

Apesar da dificuldade de conceituar comunidade virtual, tm-se apresentado solues e argumentos consistentes para a utilizao do conceito no ciberespao. Apesar da modificao de algumas noes da idia de comunidade off-line, os elementos so semelhantes. A comunidade virtual um elemento do ciberespao, mas existe apenas enquanto as pessoas realizarem trocas e estabelecerem laos sociais. O seu estudo faz parte da compreenso de como as novas tecnologias de comunicao esto influenciando e modificando a socializao das pessoas e nas estratgias mercadolgicas neste novo contexto.

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* Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Economia, istrao e Contabilidade. E-mail: [email protected]
** Universidade Federal de Alagoas, Instituto de Cincias Humanas, Comunicao e Artes, E-mail: [email protected]
*** Universidade Federal de Uberlndia, Faculdade de Gesto e Negcios. E-mail: [email protected]
**** Universidade Federal de Lavras, Faculdade de istrao e Economia. E-mail: [email protected]

Vol. 30 (1) 2009
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